A culpa é de quem lê
Deixa-me, que eu não tenho a culpa de ver-te cair. Sim, eu não tenho a culpa de ver-te cair
(Enrique Ortiz de Landázuri Izarduy).
Umas vezes, é ficção; outras vezes, não.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Polipersonae
domingo, 4 de outubro de 2015
Uma manhã nas finanças
-Ganhei ximil e quinhentos.
-Ok... ora, isso em cinco meses. Dá xisípsilon por mês, ora vezes doze...
-Como assim vezes doze?
-Então, para saber quanto é que ganharia no ano todo.
-Está aí quanto é que eu ganhei no ano todo.
-Mas só trabalhou cinco meses.
-Sim.
-Então, eu assim faço o cálculo.
-Escute: está aí quanto é que eu ganhei no ano todo. Trabalhei só cinco meses. Sim. Do ano inteiro, trabalhei cinco meses. E ganhei, no ano todo porque só trabalhei cinco meses, xismil e quinhentos euros. Percebeu?
-Ouça, você não está a perceber. Eu preciso de saber quanto é que você ganharia em 2014.
(...)
-Criaturinha... tira a puta da cabeça de dentro do cu e dá-me ouvidos, se fazes favor: 2014 já acabou. Ganhei xismil e quinhentos euros. Ponto. Percebido?
-Não sei como hei-de lhe explicar isto de outra maneira - e zau, imprimiu-me esta merda.
Amanhã volto lá, corto-a ao meio com um x-acto, e a seguir peço a um ser humano alternativo para me alterar esta cagada. Se não resultar, volto lá no dia seguinte e assim por diante. Saem-me mais baratos os x-actos do que o IVA.
Primeiro de Outono
há o perfume novo das mulheres e das árvores
há o vento a atirar-nos borda fora
para dentro do rio agitado
-não a mim
eu fico a ver tudo cá de cima, do miradouro
o céu cinzento arruma-me as ideias
pode chover, pode chuviscar
as pessoas ficam calmas
vamos beber vinho
vamos comer castanhas
vamos esperar que tudo renasça daqui a uns tempos
vamos aproveitar agora
enquanto tudo morre
terça-feira, 28 de julho de 2015
Sumo de laranja
À beira da estrada, a tabuleta dizia "2kg = 1 euro; 5kg = 3 euros". Parámos. Saí do carro, as laranjas reluziam sobre a mesa improvisada, debaixo do guarda-sol gasto, mas não pude deixar de sentir uma certa angústia, como se alguma coisa não batesse certo. "Boa tarde", "boa tarde" respondeu a senhora também gasta. "Não quer levar antes um dos grandes?" e eu "mas isso não me sai mais caro?" - a temperatura desceu abruptamente estagnando nuns 34 graus: o ar arrefeceu quando a dúvida se instalou. A expressão intrigada e confusa da senhora colidiu metafisicamente com a minha sensação de que as Humanidades nunca me foram de grande serventia nas horas em que uma pessoa precisa de uma resposta rápida para para dar aos atrevimentos do destino.
"Levo um saco de dois quilos que o outro pesa muito e eu estou de férias" disse eu. Agora olho para o saco, vejo as laranjas ainda por descascar e sinto que tomei a decisão acertada.
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Panteão
sábado, 2 de maio de 2015
Notas de prova: Praia de 1 de Maio
3,5/5