segunda-feira, 27 de abril de 2015

Crítica de cinema

Relatos Selvagens. As expectativas eram altas depois de ter ouvido tanto elogio, tanto comentário e tanto aconselhamento "tens de ver, tens de ver, tens de ver".
Mas começámos mal: achei o prólogo - o episódio do avião - fraco: a ideia é engraçada, mas está muito mal trabalhada. Tudo é previsível, parece quase feito à pressa, e é demasiado explícito em quase todas as linhas de diálogo, não deixando qualquer espaço para a interrogação ou para a surpresa. O episódio do veneno sofre do mesmo mal, embora chegue um bocadinho mais longe.
É no terceiro tomo que a coisa ganha dimensões dignas: a luta na estrada é um grande momento de cinema, com tudo certo, desde a presença do gore à psicologia do herói versus cobarde numa só pessoa.
Depois, com o homem dos carros rebocados e, a seguir, com o atropelamento, o filme entra numa espécie de velocidade de cruzeiro: tudo muito bem trabalhado, óptimos diálogos, situações bem encadeadas, personagens que ora perdem, ora ganham força; forças que mudam de lugar num verdadeiro exercício de questionar, de pôr em causa - um autêntico festival de bom cinema.
Mas o melhor estava guardado para o fim. Como é que ninguém me tinha falado do casamento? É extraordinário. Vale por todo o filme. Não fosse o início frágil, a destoar completamente de tudo o que vem a seguir, seria uma obra-prima este Relatos Selvagens.

7,5/10 (Adoro dar notas a coisas.)

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