sábado, 25 de abril de 2015

Kong

Entrei na loja de animais eram umas cinco da tarde e disse "desculpe, precisava da sua ajuda... eu queria um kong, mas não estou a perceber muito bem como é que isto funciona ou qual será o mais adequado para ela". Por esta altura, já Lola Josefina se empleirava na perna da empregada, que se derretia "ai... ela é tão fofa... és tão querida... pu-pu-pu-pu". Várias pessoas me tinham falado do kong, que era um pequeno milagre, que até o cão mais agitado se concentra de tal forma no objecto que mais parece uma criança a dormir descansada, horas e horas a fio. Tive de interromper as festinhas "desculpe... o kong", "ah... tem aqui estes mais pequeninos" e eu "ó senhora, ela come isso em dez segundos. Já me comeu uma camisola e um casaco de cabedal. Essa borrachita para ela não é mais que um tremoço". Mostrou-me uns um pouco maiores e eu tentei explicar-lhe que Lolis, com este seu aspecto de brinquedo eléctrico manuseável, tem um apetite que mete respeito e uns dentes consideravelmente afiados. Mostrou-me outro, uma espécie de kong-sempre-em-pé e eu "mas o que é que isso faz?" e ela "então, o cão deita-o ao chão e ele levanta-se sempre" e eu imaginei um rafeiro alentejano de 60 e tal quilos, à sombra de uma azinheira que já não sabia a idade, deitado a dar patadas naquilo e achar-se no paraíso da diversão. "Penso que não, ela é um bocado agitada, precisa de algo mais estimulante". Apresentou-me um outro, que faz lembrar uma maraca, veio-me à cabeça o José Eduardo Bettencourt e o Dias Ferreira em cima de um palco, "compro esse", disse eu. Mas fiquei com dúvidas que quis ver esclarecidas "ouça, acha mesmo que isto é resistente?", "do mais resistente que há - isto é mesmo Kong, esta a ver? Eles podem morder à vontade, cães grandes e tudo". Deviam ser nove da noite quando os primeiros pedaços começaram a aparecer espalhados pelo chão da casa.

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