domingo, 15 de fevereiro de 2015

Lugares distantes

Tínhamos lanchado muito bem numa pastelaria da Baixa, a tarde ia ficando cada vez mais fria e começou a chuviscar quando caminhávamos para o carro. Até que eu perguntei "onde é que está mesmo o carro?" e ela disse "ui... tens muito que andar,meu menino" e eu, fazendo uma pausa a fingir-me pensativo, concluí "está onde Judas perdeu as botas". Ela, com lentidão e um sorriso malandro, acrescentou "está no cu de Judas". Rimo-nos bastante. O caminho, realmente longo, acabou por parecer mais curto mesmo que tenhamos ficado calados até ela abrir a porta do carro. Eu ia entretido a pensar na nossa troca de parvoíces e acho que ela ia a pensar no mesmo. Estávamos os dois sorridentes como quem tem qualquer coisa engraçada para dizer mas se está a conter, praticamente a morder os lábios para que a boca não se abra. Eu entrei, sentei-me e não resisti mais: "estava, de facto, no caralho mais velho" e ela riu-se. "Porém, há quem defenda que se encontrava em Santa Cona do Assobio". Quando arrancámos, fomos indagando acerca destas estranhas terras longínquas que não vêm nos mapas e onde nunca ninguém foi mas onde já muitos tiveram amigos ou familiares ou perderam objectos, até.

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